Paixão Arde, Desejo Trai

Mostra de Poemas Comentados de Ibernise

Textos


Coroa de Sonetos (I Festival de Poesia Didática de Barcelos)


Verifique como começou este trabalho neste link,

http://www.ibernisemaria.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=3548163

Partimos do padrão gráfico didático que foi criado para a realização deste trabalho em parceria, em oficinas públicas e itinerantes em 7 Freguesias do Concelho de Barcelos/Portugal.
Trabalho iniciado em 20ABR que será encerrado em 30JUN2012 em evento Público na Biblioteca Municipal de Barcelos.  Parcerias: Câmara Municipal de Barcelos, Pelouro da Cultura e Associações Culturais Edu'Arte e Barca da Fantasia.





Esta imagem é uma coroa de sonetos tridimensional, um jogo didático, para trabalhar a didática da coroa de sonetos a partir do conhecimento concreto. As fitas situam a movimentação dos versos que partem do mote e se repetem nos sonetos derivados. As estatuetas são personagens em cerâmica da Artesã Barcelence Júlia Ramalho, foram criadas para esta finalidade e simbolizam o roteiro didático do jogo da coroa em 3 niveis até a vitória. Mais detalhes sobre este jogo didático em breve.



O Galo de Barcelos

O Galo de Barcelos, o signo de Portugal
Lenda e tradição tecem malha de mil elos.
Panorama cívico da cidade e seus castelos...
No centro histórico de arquitetura medieval

A ave contempla o Cávado a correr colossal,
Em cores próprias o detalhe artesão singelo
Na história, na geografia do turismo se desvela,
Realça virtudes neste ícone de valor memorial.

Passarola voadora, corre o mundo, a içar velas.
Lusófona fala de arte popular e cultura de raíz.
Áureo sinal no percurso do orgulho português,

P’la coragem de navegadores de naus e caravelas,
Na diáspora da língua portuguesa, que é matriz,
Ideia de longa duração na justiça que se fez.

I

Ideia de longa duração na justiça que se fez,
Desde o relato bíblico de José traído pela donzela,
De lenda em lenda a Santo Domingo aportou ela,
Aqui chegando de La Calzada pela última vez.

Pelo Codici Calixtino traduzida em tantas mercês
Sempre numa história onde a justiça se revela
Por Santiago que do inocente peregrino faz vela
Servindo-se de um Galo, agora herói português!

E o peregrino pelas mãos do santo sustentado
Que para, da forca, libertar o inocente prisioneiro,
Fez cantar o Galo assado num milagre divinal.

Este sacro Ícone pelas mãos do artesão fabricado
É lenda esculpida na pedra do lendário Cruzeiro;
O Galo de Barcelos, o signo de Portugal.
 
II 

O Galo de Barcelos, o signo de Portugal,
Na mitologia imagem de brilho embevecido;
Onde crer e saber num oposto ético é contido,
Na contraparte masculina de Gaia maternal,

Gera irmãos do Minho, romarias, brejeiro arraial...
Na tradição oral, a lenda, produto esculpido.
No jardim de espaço verde, despido e vestido,
Foral raiz e inspirador símbolo nacional.

Folclore lusitano que o cristianismo configura
Pagãos e moçarabes p’lo culto a deuses naturais,
Do sagrado ao profano, na luz, sempre belos.

Mas o ícone, no ceticismo e nas crenças, perdura.
Na beleza que grassa nos braços de ritos reais,
Lenda e tradição tecem malha de mil elos...

III

Lenda e tradição tecem malha de mil elos.
E alia-se a teias de relações a refletir a união,
Confluência de navegadores, descobertas em ação
Forjadas pelos braços nas bigornas e martelos...

O canto do cisne se tornou imperialismo de cutelos.
Castrador, mas a um só tempo polinizador da nação,
Que inocente viveu o jugo do ditador, cujas mãos
Arquitetaram perversamente a recusa de duelos.

Sombras e luzes! Tempo histórico de novas uniões,
É hora de sair as ruas, rever ações cívicas ó povo!
Te enreda na trama da cidadania, em seus anelos,

Ativista inconformista sem que se perca padrões,
Que te afastem de tuas raízes no mundo novo,
Panorama cívico da cidade e seus castelos...

IV

Panorama cívico da cidade e seus castelos
Quase descrente de sua força de conquista
A terra do galo, de rica história expansionista,
Fundou impérios em todos os paralelos.

Hasteou sua flâmula vermelha, verde e amarela
No mundo do civismo preto e branco inativista.
Ações cidadãs de liberdade e política elitista
Contemplam a Torre de Menagem, sentinela

Que procura manter vivo o tesouro cultural. 
Entre margens, o Cávado estreita o afeto,
Com laços de apego e desapego, no areal

Fortes contradições, águas sinuosas, tal e qual
Lutas ontem e hoje clamam reação, em concreto,
No centro histórico de arquitetura medieval.



No centro histórico de arquitetura medieval
A figura típica, de um galo de história curiosa,
Dispersa-se em todas as direções, auspiciosa...
Mas o cidadão apressado pode vê-lo desigual:

Desigualdade em tempos de privação laborial,
Sofrimento que soa como sentença perigosa
E tem apelação, na cidadania ativa conflituosa,
Que assegura conquistas do 25 de abril, afinal;

Pródigo de promessas ao povo alegre, acolhedor,
Talentoso nas artes, literatura, música e poesia,
Que, ainda sofrido conserva a bravura original...

Agente luso, saúda outros povos, desbravador.
Na caminhada histórica, sempre em rebeldia
A ave contempla o Cávado a correr colossal.

VI 

A ave contempla o Cávado, a correr colossal,
Com seu padrão colorido, majestosa a despertar
Barcelos, rainha do artesanato, a anunciar,
No coração minhoto, arte cerâmica e olaria local.

No Largo da Feira, o grande mercado semanal,
Campo da República, um pouco de terra e mar...
Monumentos da fé nas setecentistas sés do lugar
Tenda a tenda o aparato de simbolismo regional.

Feira é dia de rever familiares e amigos queridos
P’lo convívio, flores e frutos oriundas da criação
Do campo e cidade num complemento paralelo,

Em que todos tocados por momentos divertidos
Partilham veios solidários, produzem a ocasião
Em cores próprias o detalhe artesão singelo...

VII 

Em cores próprias, o detalhe artesão singelo, 
Que projeta um mergulho na luz da tradição 
No Cruzeiro do Senhor do Galo, sinal de devoção, 
Síntese da visão folclórica que, em si, modela.

A entrada, pela ponte gótica sobre o rio em portelo:
É Terreiro do Paço, é Museu Arqueológico, é chão
Ao ar livre, no pelouro da igreja matriz em formação
Do roteiro em cuja paisagem, se inclui o Castelo.

A Lenda situa o Galo nos Caminhos de Santiago 
Nesses sítios que alimentam o orgulho nacional.
Na obra arquitetônica que o Centro Histórico zela,

Vê-se todo o núcleo, deste tempo medieval; o afago
Na defesa maior da cultura viva, tão essencial.
Na história, na geografia do turismo se desvela.

VIII  

Na história, na geografia do turismo se desvela
Libelo injusto, afinal portador de novo valor eterno
Que remete ao imaginário coletivo, povo fraterno
Pois do Galo libertário surge um grito justo e belo.

Projeta-se o ícone na masculinidade de Barcelos
Identidade do homem luso, o líder, viril e terno.
Humano, laborial, aliado a conquista do moderno
Que fala de heróis, valoriza a liberdade e seus elos

Nas relações adversas que o fazem valer é marca
De humanidade ativa a lutar em tempo de resistir 
No papel pleno de tenacidade, tem ar patriarcal... 

A natureza simples, sensível e galante, demarca 
Um falo que honra usos e costumes a reconstruir 
Nas virtudes deste ícone de valor memorial.

IX 

Nas virtudes deste ícone de valor memorial.
Lusa volta, atemporal, às vitórias do passado,
De lutas desbravadoras, em que chegas esfalfado,
Mas ao ocaso da jornada tens um riso imperial.

A viajar, num barco carregado de sonho material,
Na história, por mar nunca antes navegado.
Nas contendas entre aflitos sempre fostes respeitado,
Mas viveste a liberdade num reflexo espiral, sensorial.

Assim teu valor é reconhecido, em alianças além mar
E nas relações políticas, entre problemas e crises,
Permaneceste convicto e sólido, apesar das sequelas...

Avante! Em teu 25 de Abril, é o brado a se clamar.
Ó Galo que tudo vê, anuncia verdades e raízes,
Passarola voadora corre o mundo, a içar velas...

X  

Passarola voadora, corre o mundo, a içar velas
A nação lusófona, preservada na sua liberdade,
Desenvolve-se na diferença fecundando identidade
Cultural, desde que respeite as raízes, todas elas.

Em suas vitórias e derrotas tantas glórias belas,
Promovendo misturas e crescendo na realidade,
Que no presente se enreda na responsabilidade:
E no diálogo intercultural evitando querelas... 

Tal caráter, em conjunto com respostas coerentes,
Aventura segue como o modelo de um futuro
O povo luso, entre a mistura de etnias e poder, diz:

Entre conquistas de reinos e impérios emergentes,
Nativos e forasteiros todos são lusos, povo puro;
Lusófona fala, de arte popular e cultura de raíz.

XI

Lusófona fala, de arte popular e cultura de raíz, 
Que se identifica na sua profunda diversidade,
Que no intercâmbio tem enriquecido a comunidade,
Entretanto numa oposição interna se contradiz

Nos erros e acertos, das intervenções, de cada país 
De origem, suscita da norma culta formalidade.
No princípio maior do entendimento e identidade,
Toda forma de expressão humana, é força geratriz

Desde as cruzadas fez nosso conquistador
As terras de Faria e de Neiva independentes
Além Cávado nasceu, e aquém, Barcelos se fez.

Assim o galo símbolo da luz é o arauto anunciador,
Aclama ao mundo sobre Barcelos e suas gentes,
Áureo sinal no percurso do orgulho português.

XII

Áureo sinal no percurso do orgulho português,
A lusofonia, é um rio de águas torrentes
A desbravar caminhos em ações afluentes
Que deságuam em novas eras de sensatez...

Lançada em frágeis embarcações, o fez
Arremessando-se de forma permanente
Enfrentando o passado segue em frente,
Recria nações à terra mãe em sua nudez.

Segue padrão habitual das epopéias e mitos
Vê no Galo, figura de inspiração patriótica,
Um símbolo de valores nacionais e tutelas.

Nos laços do povo audaz vemos quesitos
De vontades exacerbadas e saga utópica,
P’la coragem de navegadores de naus e caravelas.

XIII

P’la coragem de navegadores de naus e caravelas,
Viajaram bravos, a enfrentar o oculto gigante,
A construir, na dispersão da fala mais avante
Seguem a criar obra inédita que, como velas,

Clareiam, espalham-se entre povos, abrem janelas
Sem fronteiras, a milhões de leitores e falantes,
E ao multiplicar-se, como nunca se vira antes,
Criou canais e rios onde o dialeto luso se estrela

Deságua no oceano que a nação lusófona se tornou...
Diante do mar antes revolto, agora suave caminho,
Vagas-cristal hoje se espraiam sobre corais-de-giz,

Sedimentos férteis em que a literatura frutificou
E a frátria lusa festeja com arte, poesia e vinho,
Na diáspora da língua portuguesa, que é matriz.

XIV

Na diáspora da língua portuguesa, que é matriz.
A Lusofonia é  legado dos milhares de lusos seres
Tornou-se perene na cultura de tantos haveres
Ficando entre o ser e o ter a tradição oral da raíz...

A última flor do Lácio, na essência uma aprendiz,
O linguajar popular move-se à soma dos saberes
Que acordos formais mascarados em seus poderes
Não imobilizam o idioma, viva força motriz.

Ao partilhar tal sentimento de nação, tal ente
Agrega-se aos costumes de encantada magia
Onde lendas e mitos fazem da história sua vez...

Incorporada no tempo, aculturação é semente
Do Galo de Barcelos, Galo da Luz... Luz ó fonia.
Ideia de longa duração na justiça, que se fez.

A Coroa de 15 sonetos: ‘ O Galo de Barcelos’ é uma composição em parceria, construída em 12 oficinas públicas e itinerantes na cidade de Barcelos, durante o I Festival de Poesia Didática de Barcelos, todos os sonetos foram feitos com base no Método de Ibernise para Fazer Poemas. Elenco das parcerias:
Ibernise Morais, José Lourenço dos Santos,Felipe Rente,Carlos Ferreira, Manuela Pereira, Sara Figueiredo, Fernando Júlio, Marinho, Rosa Gonçalves, Alexandre Durães, Felipe Miranda, Ricardo Falcão, Conceição Bernardino, Isabel Pereira, Maria João Mesquita, Cristina Souza, Sandra Cunha, Maria João Mota Alves, Joana Oliveira e Mário Figueiredo. Revisão do Texto Final: José Lourenço e Ibernise Morais.

Barcelos (Portugal), 08 de Junho de 2012.


Índice da Coroa de 15 Sonetos ‘ O Galo de Barcelos’


Sonetos I a XV/Parcerias e Localidades das Oficinas Itinerantes do I Festival de Poesia Didática de Barcelos.


Soneto XV ‘ O Galo de Barcelos’
Ibernise
Barcelos (Portugal), 11MAR2012
Oficina Itinerante do I Festival de Poesia Didática de Barcelos.
Arcozelo/Barcelos/Portugal

Soneto I ‘A Lenda do Galo de Barcelos’
Ibernise feat J.Santos
Barcelos (Portugal), 24MAI2012
Oficina Pública Itinerante do I Festival de Poesia Didática de Barcelos.
Arcozelo/Barcelos/Portugal

Soneto II ‘No Ceticismo, a Lusa Fé’
Ibernise feat Marinho
Barcelos (Portugal), 09MAI2012
Oficina Pública Itinerante do I Festival de Poesia Didática de Barcelos.
Alvito de São Pedro/Barcelos/Portugal.

Soneto III ‘Um Campo Dividido’
Ibernise feat Filipe Miranda e Ricardo Falcão.
Barcelos (Portugal), 17MAI2012
Oficina Pública Itinerante do I Festival de Poesia Didática de Barcelos.
Casa da Juventude/Barcelos/Portugal

Soneto IV ‘Arquitetura da Liberdade’
Ibernise feat Cristina Souza e Sandra Cunha
Barcelos (Portugal), 23MAI2012
Oficina Pública Itinerante do I Festival de Poesia Didática de Barcelos.
Arcozelo/Barcelos/Portugal

Soneto V ‘Habitual, Mas Desigual Ó Portugal’
Ibernise feat Carlos Ferreira
Barcelos (Portugal), 30ABR2012
Oficina Pública Itinerante do I Festival de Poesia Didática de Barcelos.
Jardim São José/Barcelos/Portugal

Soneto VI ‘Do Largo em Cor’
Ibernise feat Rosa Gonçalves e Alexandre Durães
Barcelos (Portugal), 15MAI2012
Oficina Pública Itinerante do I Festival de Poesia Didática de Barcelos
Casa da Juventude/Barcelos/Portugal.

Soneto VII ‘Nos Sítios da Lenda’
Ibernise feat Joana Oliveira
Barcelos (Portugal), 26MAI2012
Oficina Pública Itinerante do I Festival de Poesia Didática de Barcelos
Barcelinhos/Barcelos/Portugal.

Soneto VIII ‘Galo Libertário’
Ibernise feat Mário Figueiredo
Barcelos (Portugal), 27MAI2012
Oficina Pública Itinerante do I Festival de Poesia Didática de Barcelos
São João de Vila Boa/Barcelos/Portugal

Soneto IX ‘Avante Pela Liberdade!’
Ibernise feat Filipe Rente
Barcelos (Portugal), 25ABR2012
Oficina Pública Itinerante do I Festival de Poesia Didática de Barcelos.
Jardim São José/Barcelos/Portugal

Soneto X ‘Lusas, Fronteiras Interculturais’
Ibernise feat Fernando Júlio (Nick name: Noura)
Barcelos (Portugal), 07MAI2012
Oficina Itinerante do I Festival de Poesia Didática de Barcelos
Arcozelo/Barcelos/Portugal

Soneto XI ‘Luso Gallus a Lindar Fonias Nascentes’
Ibernise feat  Maria João Mota Alves
Barcelos (Portugal), 25MAI2012
Oficina Pública Itinerante do I Festival de Poesia Didática de Barcelos
Rio Covo Santa Eugênia/Barcelos/Portugal

Soneto XII ‘Nos Elos da Utopia’
Ibernise feat Manuela Pereira e Sara Figueiredo
Barcelos (Portugal) 02MAI2012
Oficina Pública Itinerante do I Festival de Poesia Didática de Barcelos
Jardim São José/Barcelos/Portugal

Soneto XIII ‘Língua, Suprema Raíz’
Ibernise feat Conceição Bernardino, Isabel Pereira e Maria João Mesquita
Barcelos (Portugal), 18MAI2012
Oficina Pública Itinerante do I Festival de Poesia Didática de Barcelos.
Jardim São José/Barcelos/Portugal

Soneto XIV ‘Galo da Luz... Luz ó fonia’
Ibernise feat JSL
Barcelos (Portugal) 22ABR2012
Oficina Itinerante do I Festival de Poesia Didática de Barcelos
Arcozelo/Barcelos/Portugal


Verifique como começou este trabalho neste link,

http://www.ibernisemaria.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=3548163


Partimos do padrão gráfico didático que foi criado para a realização deste trabalho em parceria, em oficinas públicas e itinerantes em diversas Freguesias do Concelho de Barcelos/Portugal. Veja o relatório de avaliação dos trabalhos com as parcerias, neste link.
http://www.ibernisemaria.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=3703657

Trabalho iniciado em 20ABR que será encerrado em 30JUN2012 em evento Público na Biblioteca Municipal de Barcelos.  Parcerias: Câmara Municipal de Barcelos, Pelouro da Juventude e Associações Culturais Edu'Arte e Barca da Fantasia.




Ibernise
Enviado por Ibernise em 21/06/2012
Alterado em 29/07/2012
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