Paixão Arde, Desejo Trai

Mostra de Poemas Comentados de Ibernise

Textos


Vale Sem Males...
Diante de si, contemplava um verde vale, as encostas o protegiam entre pedras, nascentes e as névoas de todas as manhãs. Era uma paisagem monocromática em nuances que jamais estariam em uma obra de arte que não fosse divinal. Aquela de sentimentos e mãos agraciadas pelos mistérios da fé. A fé que remove montanhas e deixa ver e sentir os verdes vales da existência interior.

E naquele momento, nas profundezas da mente teve início a semente de um feito grandioso, um chamariz, um plano, uma ficção, algo para aliviar o coração. O objetivo era entender sua conquista, o seu amor supremo. E se quiser conquistar alguém dê vida as suas fantasias, entre em suas fantasias, seja parte do seu maior desejo (sonho, fantasia), pois a coisa que se vive em conjunto é como se fosse um pedacinho do céu.

Haviam tantas coisas a descobrir, naquela paixão, diante das experiências já vividas, a cada dia um mundo novo a conquistar, curiosidades a satisfazer...
Às vezes as perguntas mais importantes são aquelas que decidimos não fazer. Não se pode arriscar, ainda que a dúvida seja a maior verdade, o maior apoio que induz o ser a seguir em frente.

A vida passa a ser parte daquele panorama que lhe fascina, a obra de arte mais perfeita, ali a sua frente. A visão magnífica do verde vale persiste. É preciso medir, valorizar aquele artesanato natural. Já sentia a consciência da existência física da obra possível de ser mensurada com precisão objetiva, na imensidão do verde vale, e agora que o descobrira era seu, era ali o seu lugar.

Tinha medo de seguir, mas o enfrentamento dos medos, é parte da conquista. Às vezes você tem que ir na direção de coisas que você quer fugir. Dar mil voltas querendo alguém encontrar, alguém que valha a pena, amar. E quando se depara com este alguém é inevitável a comparação, o medo e a tentativa de fuga. Compara a pureza do verde vale à pureza da sua paixão, percebe enfim a inevitabilidade...

Sim é fatal, como o sangue a correr nas veias. Seu verde vale estava ali, e era uma fotografia. Contempla mais uma vez a fotografia do ser amado, abraça forte e diz baixinho enquanto uma lágrima escapa, entre a tristeza e a felicidade. Pede e acarinha a imagem na fotografia, e diz: ‘_Me ama aos bocadinhos, meu amado, não gaste tudo de uma só vez, me ame aos bocadinhos, me cobre com teu corpo e me dá a força pra viver...’

E a foto ganha rosto, que antes ostentava olhar sério, agora lhe sorri e naquele devaneio se beijam, num deslizante, linguado e molhado toque entre lábios, bocas, tudo num só instante de abraçar, um carinho já vivido, que se tornou eterno. Uma fotografia é um segredo sobre um segredo. Quanto mais ela conta menos você sabe. Assim fingindo ser quem eles não eram, eles podiam ser quem eles queriam.

Graças ao coração com o qual se vive, graças a sua ternura tem-se a alegria, a motivação. Portanto qualquer flor que se abre traz pensamentos profundos demais que podem sensibilizar, levar às lágrimas desde que seja notada, percebida...

É preciso estar atento, se quer conquistar, se quer ver verdes vales e sentir a poesia natural que existe em cada vida. É tudo muito simples, é como um processo de análise, de auto conhecimento, auto descoberta.

Você coloca a alma dentro do coração, o coração na mente, e a mente dentro do corpo e o corpo dentro de si. Está pronto pra amar a si e ao outro. Sentir, a partir de então, o quanto a vida é bela, e merece ser vivida. Viva!

In: ‘Vale, Sem Males’ prosa de Ibernise.
Barcelos (Portugal), 27MAR2014.
Ibernise
Enviado por Ibernise em 27/03/2014
Alterado em 27/03/2014
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras