Os sonhos são portas para um outro mundo.
Alcançar outros mundos através dos sonhos é renovar esperanças, é viver o antes e o depois sem passar pelo agora. É viver uma dimensão estranha que acolhe. Que nos faz acreditar no que ainda não vivemos, mas nos faz feliz imaginar. Às vezes a partir de uma lembrança boa guardada alcançamos o êxtase do devaneio e é tão verdadeiro. A mente se renova. A alma se veste de tons florais e perfumes que duram enquanto tudo no sonho acontece. 'A nossa fantasia é dura como uma rocha' diz Z. Freud. Ela também está na base do desejo, pois lá no fundo, bem dentro de nossos corações sonhamos com o possível, e nos regozijamos com esta forma de pensamento. Por mais estranha que possa parecer, se nos faz feliz no âmago da nossa intimidade, não há mal nenhum. Só a alegria de poder sair de si, sem ter ido a lugar algum. e voltar inteiro e revigorado a cantar 'sonho meu, sonho meu, vai buscar quem mora longe sonho meu'. Através dos sonhos, ao andar por outros mundos buscamos a quem amamos, vivemos coisas proibidas, nos alegramos com uma alegria que chega e vai nos lembrando que somos livres para sermos felizes, e acreditar no exercício desta liberdade. Assim o ser humano exercita o seu instinto primordial, a pulsão. O mais puro de nós seres humano. O mais real. Talvez seja assim que nos aperfeiçoamos e nos perpetuamos nos ancestrais e na nossa descendência entre os mundos vários que podemos visitar e voltar pela simples aptidão de sonhar. E assim os sonhos precisam ser lindos e quase acabados, quase, porque nunca acabam, apenas se renovam, nos tornando mais livres. 'Sonho meu, sonho meu...'

Prosa de Ibernise.
In: 'Sonho é Sempre Limpo'.
Barcelos ( Portugal) 19FEV2016.